O salto de fé exigido ao católico pelo marxista
O que é inadmissível ao católico em
relação ao marxista é que não é ao marxista que é exigido que dê o salto de fé
para a realização do comunismo na Terra. Pelo contrário, o comunismo depende do
salto epistemológico e prático do católico em relação ao marxista. Não é o
marxista que tem de fazer o caminho para a fé católica, o católico é que tem de
fazer o caminho para a “fé comunista”. Que ambos se encontrem e unam forças nos
complexos e intricados percalços da história, nas exigências e desafios de cada
era, não significa que as suas crenças – mais ou menos verdadeiras e
justificadas – sejam de facto compatíveis; que não sejam adversários e cada uma
destas “fés” não seja antinómica em relação à outra. O salto que é exigido ao
católico para a luta pelo comunismo é um salto que transcenda o idealismo
moralizante do cristianismo e compreenda a centralidade da luta de classes. Que
salte de uma ética do amor universal puramente abstrato e interclassista para o
antagonismo sem mediações possíveis, para a luta de classes. Que salte também de
uma conceção escatológica da história guiada pela graça de um ser transcendente
para uma conceção materialista da história que tem no conflito intrínseco às
relações de produção a sua razão de ser. Que salte de um mundo tutelado pela
transcendência para a paradoxal infinita liberdade e necessidade do imanente. Que
salte, enfim, da sua heteronomia política expressa na doutrina católica, e num
mundo que se pretende compreendido à imagem do reino dos céus, para realizar a
sua autonomia política através da emergência do proletariado como sujeito
histórico.
não é um salto de fé. um cristão está proibido pelos mandamentos de Cristo de matar. ora, uma revolução marxista é inviável sem mortes.
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