Síndrome Peter Pan
Sentia que não crescia, ou que crescia, mas sempre com um atraso, um delay , como lhe fosse impossível vencer a distância entre a sua idade real e a sua real maturidade. Sim, do que se tratava era basicamente de expetativas. Robert sentia que não era tão adulto quanto aquilo que as pessoas esperavam de si para a idade que tinha. E compreende-se. Via os outros, os da sua geração, com a vida praticamente resolvida, um emprego sério, expetativas de vida sérias, um relacionamento sério, filhos ou filhas sérios, empréstimo de casa sério, tudo sério. E ele, ele ainda apanhava carraspanas arrastando-se pelas ruas mais sórdidas até de madrugada, levava no cu, trabalhava como caixa num supermercado, não tinha filhos, recebia o salário mínimo, não tinha expetativas nenhumas, nem sabia onde se via daqui a três meses, quanto mais daqui a três anos. Não tinha crescido; ainda idealizava o mundo de uma certa maneira e permitia-se a ter sonhos. E já se sabe como são os sonhos desviam-nos a atenção d