Nem sempre nos entendemos nesta
confusão de nomes
Se olhamos de perto tornamo-nos baços
e indistintos
Mas se afastamos demasiado o olhar
perdemo-nos na multidão
Cada um de nós é a encarnação de um
milagre, um milagre que caminha
Que diz coisas estúpidas, comete
pequenos e grandes delitos
Paga impostos
E ao mesmo tempo cada um de nós é um
anónimo absoluto
Apenas mais um entre a mole incontável
de uns
Somando-se nessa cadeia interminável a
que demos o trágico nome de humanidade
Em certo sentido todos, mas mesmo
todos, resvalamos pela mesma colina
À minha frente eis que rebolam os do
passado
E atrás de mim já sinto a sôfrega e
ingénua passada dos vindouros
Nem sempre a política dos nomes atua
com precisão
E isso é capaz de gerar os maiores dos
equívocos
Nomes que nos condenam por crimes que
não cometemos
E outros que nos absolvem por gestos
que mereciam o maior dos repúdios
Como é violenta e sádica a luta por um
só nome
Capaz de nos salvar da força de
gravitação do mesmo e do único
E, no entanto, cá continuamos a
resvalar… a resvalar… a resvalar…
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