A casa está a desmoronar-se

As ruínas já não são só uma profecia 

Nem uma metáfora 

À nossa volta, dentro de nós, tudo desaba

Mas enquanto o fim está em andamento 

Há tempo ainda para se inventar e se tecerem novas cumplicidades 

Enquanto tudo se encaminha alegremente para a extinção 

Há toda uma realidade subterrânea em efervescência

Em construção

Ensaiando novas formas de passarmos os dias em conjunto

Sem nos destruirmos mutuamente

É certo que é só mais uma tentativa 

Talvez ainda não a derradeira

Quiçá esta nem sequer exista

Novos veios se formam, intricados e rizomáticos feixes 

Arquiteturas complexas e viscerais como teias

Raízes que se solidificam expandindo-se incessantemente 

Ante o colapso de toda a existência conhecida até aqui

Quem sabe se não sobreviveremos a mais esta dura prova 

E entretanto tenhamos aprendido a conviver com o sublime

Sem o querer destruir de uma vez para sempre.


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