Estamos de tal modo implicados

De tal forma cúmplices

As nossas mãos manchadas de crime

Que não somos capazes de dar um passo em frente 

Sem com isso arrastarmos amigos e inimigos atrás 

Pertencemo-nos sanguineamente

Membros decepados da mesma árvore da sabedoria 

E simultaneamente não nos conhecemos de todo 

Há quem diga que o apocalipse nos restituirá a unidade entretanto perdida 

Outros que estamos condenados ao cárcere do eu

Ao árido desterro do solipsismo 

Entre uns e outros 

Fluxos de intimidade carnal

Cumplicidades múltiplas

Tráfico de promessas e prostituição do desejo 

Eletricidade 

Correntes de paixão indomável 

Lampejos de reconhecimento sem margens

Descontinuidades vertiginosas

Alianças 

Destruição mútua assegurada 

Amor e caos.

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