Sabemos que algo está sempre para vir

Na iminência de chegar

Com o seu rufar de tambores e os seus pássaros em debandada

Mas não conseguimos saber exatamente o quê

Ainda que muitas vezes consigamos entrever qualquer coisa

Na penumbra, uma silhueta, um presságio

Um exército de anjos apocalípticos em marcha

Com as suas espadas sanguinolentas, os seus rostos brancos e a sua fúria demolidora

O nosso temor reside neste intervalo

Entre uma história que se recusa a cessar

Um “movimento perpétuo”

E o pavor ao novo, àquilo que está por chegar

Mais ainda quando este se insinua

Com a sua voracidade carnal e a sua sede de vingança

Sentimos a sua presença como o bater de um coração

O doloroso e angustiante arfar de um pulmão

E nunca estamos realmente prontos

Para o absolutamente Outro.

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