É uma tarefa verdadeiramente prometeica
Quem sabe profética
Nos libertarmos da vontade de violência
De a todo o custo procurarmos inscrever a atemporalidade
Na pátina da temporalidade
De querermos a toda a força ir além das grades das nossas circunstâncias
Bem como alojar as metrópoles no coração ardente das florestas
E parece que não aprendemos a ser de outro modo
A mudar de vida
A nos extinguirmos vagarosamente
Sem assinaláveis sobressaltos ou arrependimentos
Não deslizando pela ravina da indiferença radical
Que tantos furgões repletos de pulmões humanos transportaram até Auschwitz
Mas permitindo-nos, como num gesto de amável cedência e abnegação,
Sermos graciosamente digeridos pela mesma terra que nos deu chão.
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